No Eterno Instante:
Estudos do Sublime


[Dissertação criada por Tomas Camillis
e orientada por João Masao Kamita
sob o âmbito do curso de Mestrado
da Pontifícia Universidade Católica.]



Consuma o meu coração; enfermo em desejo
E atado a decadente animal
Ele não sabe o que é; e reúna-me
No artifício da eternidade.

Velejando a Bizâncio
W. B. Yeats
Sailing to Byzantium

Consume my heart away; sick with desire
And fastened to a dying animal
It knows not what it is; and gather me
Into the artifice of eternity.

Tudo o que há necessita de outro para perceber-se. A natureza antes una não conhecia-se então rompeu seu corpo em criaturas que se testemunham. O medo instala quando o vazio entre as criaturas tensiona e o humano sente-se só e ameaçado. E então o humano constrói casas. E o que era amparo tornou-se também expressão e o humano aprendeu a fazer templos para tocar o Criador. Mas nada havia ali além da escala de seu próprio coração. Pela obra a criatura não ascendeu mas enfim conheceu o que antes guardava oculto sob a pele. Buscava superar a solidão mas foi nela que encontrou-se.

Ao humano. Dos fracassos, o mais belo.



RESUMO


A consciência humana percorre a existência e logo percebe-se frágil, pois incapaz de extrair sentido de um universo que nega o entendimento. Em busca de amparo ela então volta-se a si mas ali vê apenas fluxos fugidios que lhe escapam. O coração de tudo lhe é desconhecido. Como pode o humano situar-se em meio ao inefável? Da angústia de ambos os desamparos surge a ânsia de transcender. Não à toa há quem nos pense como criatura conflitante entre duas naturezas: a tensão entre carne e espírito, entre mão e mente. É possível desviar-se do ascetismo e pela Estética entender-nos não em oposição mas em dialética, quem sabe, passível de síntese. A concretude como caminho ao etéreo. E assim o humano expressa-se na arte, campo de categorias estéticas. A do Sublime canaliza tal estado de tensão e pode ser vista como a tentativa de expressar o inexprimível – há em suas obras um senso de grandeza, reverência, deslumbre, medo, coragem. Nas enormes ar- quiteturas o humano busca o além mas o além está fora de alcance pois se a maté- ria permite a jornada ela também a limita. O que encontra então? O desejo de expressar o revela a real medida de suas capacidades. Ele assim contorna-se, conhece-se, ampara-se.

Estudo a angústia do humano em conflito e suas tentativas arquitetônicas de atingir o Sublime. A Torre de Babel, as catedrais Góticas, a revolução cosmo- lógica, o Romantismo, o indivíduo coibido pela indústria, a regeneração estética, a sociedade do desempenho, o fim da transcendência, as montanhas e seus templos de cristal contemplação. A busca por algo a mais e nossa improvável redenção.

Palavras-Chave: Sublime; Estética; Expressão; Transcendência; Imanência.
Mark

FICÇÃO

    CONTOS
        O Subsolo
        A Casa de Nero
        De Lábios Fechados
        Coluna de Ashoka


    VIGNETTES


    AS VIDAS DOS FILÓSOFOS


NÃO-FICÇÃO

    NO ETERNO INSTANTE:
    ESTUDOS DO        
    SUBLIME

        I. A Solidão de Netuno
        II. A Sombra da Torre Invisível
        III. O Meio-tom da Inconsciência
        IV. O Peso da Luz
        V. A Mente das Mãos
        VI. O Templo sem Deus


    ENSAIOS
        Prole de Ícaro

        Zócalo
        o muro como habitar


    FRAGMENTOS


    CRÍTICA

TRADUÇÕES


    Do Not Go Gentle Into That
Goodnight, Dylan Thomas


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